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quinta-feira, setembro 06, 2012

O silêncio de uma inocente


Capítulo 6 da We/Livro O espelho de Alice B.

As tais "Festas" continuaram acontecendo por toda adolescência de Alice. Ela cresceu naquele meio, sendo forçada a ter relações com homens da alta sociedade, que viam naquilo, uma forma de conseguir status, de provar que eram poderosos. A cada festa ela percebia que não era a única a participar, ela ouvia os sons feitos por outras garotas, e muito raramente, ela acabava ficando perto de uma das outras. E foi numa dessas raras vezes que Alice conheceu Clara, uma garota que por muito tempo foi lembrada por nossa amiga.

Conheci Clara em uma das orgias promovidas pelos meus algozes, e por mais que se passam os anos, eu nunca irei conseguir esquecê-la, pois ela se fez importante na minha vida. Talvez, eua té arisque dizer que estou viva ainda e que toda a reviravolta que se aconteceu comigo foi por causa da nossa conversa, sua última conversa com alguém.

Ela tinha 13 anos e havia fugido de casa por causa do namorado, que a iludiu, prometeu uma casa, amor carinho, e tudo que lhe deu foi desprezo quando ela pediu para esperar pois não se sentia preparada para ir para a cama com ele.
Sozinha, desesperada e desiludida, ela tentou suicídio. Sua vizinha ouviu e a levou ao hospital, onde, teve a infelicidade de ser atendida pelo doutor M. que ao perceber que a moça estava sozinha, conseguiu aos poucos sua confiança, e fez mais promessas, mas, esse, já com intenções bem mais ruins que o primeiro traste.
Ela foi com o lobo sem saber que sua vida iria se transformar em uma prisão com visitas íntimas forçadas. Talvez uma prisão de luxo, pois lembro de tê-la visto com lindas roupas, ou talvez tivesse sido o efeito da heroína que me davam, mas, me lembro dela ser linda, porém, marcada com as marcas de quem um dia sofreu muito.
Sua voz era fraca, talvez fosse sua primeira vez ali, eu já havia aprendido que quanto menos eu demonstrasse dor, menos seria interessante por eles, pois, eles queriam ouvir os gritos de desespero, queriam machucar a alma, o corpo, a mente, e nos fazer apodrecer se isso mostrasse que eram poderosos.
Era doentil ver o sorriso deles ao gozarem, gozar estuprando garotas inocentes é doentil e não precisa nem do sorriso. Eles era doentes, perversos, e perante os leigos eram homens bons e honestos, que adoravam suas famílias, mas, todo mês ajudavam a matar mais uma jovem.
Clara me disse que uma vez tentou fugir da casa do doutor M. e que aproveitou enquanto ele se drogava e estava bem doido. Ela não conseguiu me contar muito ais sobre essa tentativa, mas, percebi que como eu, a cada nova tentativa a crueldade das surras era pior e que ela havia se resignado e parado de tentar.
Ela morreu ao meu lado, e eu não pude nem fechar seus olhos, pois, ambas estávamos amarradas. Eles continuaram abusando dela por horas, mesmo morta, enquanto eu, bem, eu estava "morta" demais para perceberem que ainda respirava.

5 comentários:

  1. Nossa a cada parte que leio fica mais horrorizada, a história é muito triste, mas não consigo parar de ler..
    E você também escreve muito bem.. Virei fã..
    Tô louca pra ler +..

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    Respostas
    1. Vou postar mais essa semana, obrigada por ter gostado, eu adoro escrever, não me vejo como ótima, mas, é algo que faço bem por gostar :)

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  2. Cada vez essa história vai ficando mais escura, perversa, triste...É horrível imaginar que alguém tenha passado por tudo isso, mas não posso deixar de ler seus textos, são ótimos, parabéns!

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  3. ah, e amei o novo visual do blog!Adorei os monstrinhos..

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